Nº 1 – Fevereiro 1977
“INTERVENÇÃO” surge pelo esforço de um grupo de animadores que constataram a necessidade e o espaço existente para uma revista de animação sociocultural.
“INTERVENÇÃO” surge pelo esforço de um grupo de animadores que constataram a necessidade e o espaço existente para uma revista de animação sociocultural.
Costuma dizer-se que quem corre por gosto não cansa, no entanto, não queremos fazer uma corrida solitária. Daí que a explicação das razões que nos levam a correr e a solicitação do vosso apoio seja uma das nossas preocupações.
Apesar das dificuldades e atrasos cá estamos. É talvez altura de fazer um pequeno balanço do que somos, do que, com vocês, gostaríamos de ser. Estes 3 primeiros números foram de desbravamento.
Com todas as dificuldades inerentes a uma revista que se lança no “espaço desconhecido” da Animação Sociocultural, a “INTERVENÇÃO” completa um ano de publicação.
Os primeiros meses de 78 foram para diversas associações culturais, meses de restruturação, reorganização, definição de objectivos e métodos de trabalho.
Toda a sociedade humana, pelo facto de existir como conjunto organizado de pessoas e instituições, possui uma dada cultura, ou seja um conjunto de valores éticos e estéticos, que resultam de uma certa visão (conhecimento) do real e que informam – e também expressam – o comportamento dos diferentes sujeitos.
1979, será o Ano Internacional da Criança. A decisão da Assembleia das Nações Unidas não passará no entanto de um simples projeto de intenções, se em cada país a sua concretização não ultrapassar as comemorações de princípios com os quais todos estão mais ou menos de acordo.
O 2.o Encontro de Associações e Animadores Culturais decidiu considerar a Intervenção como órgão das Associações e Animadores Culturais substituindo e dando assim continuidade ao “Viva” boletim criado no 1.o Encontro e de que saíram 2 números.
No Editorial do número anterior definimos quais as principais linhas de força e prioridades da “INTERVENÇÃO” – órgão das associações e animadores culturais.
Em todos os domínios da vida coletiva nacional, a questão de fundo, que subentende as demais, é a do destino do projeto constitucional, que desenha uma sociedade de transição para o socialismo, com o poder democrático dos trabalhadores por meta.
Sem pretendermos substituir a discussão imprescindível sobre a avaliação do 3.o Encontro de Associações e Animadores Culturais, uma coisa é certa: o 3.º Encontro pertence ao passado.
Em reunião alargada de colaboradores da Intervenção, realizada em Lisboa no dia 23 de Fevereiro de 1980 e, culminando um longo processo de discussão interna, decidiu-se avançar com um conjunto de propostas que contribuirão para a viabilização da revista, ou seja, permitirão uma dependência cada vez menor – assim esperamos – dos subsídios oficiais.
Faz hoje três anos que a Intervenção surgiu com o seu primeiro número. Se não tínhamos (e sabíamos) construído a catedral de Estrasburgo tínhamos pelo menos dela, a ilusão que lhe deu vida. E se toda a ilusão tem um propósito, o nosso era o de sermos um espaço- um grande espaço de encontro.
Passados três anos, a Intervenção não “muda de fato”. A mudança de direção só pode ser entendida como o assumir “os nervos e o sangue novo de todos aqueles que lhe dão vida”.
Tanto e tão pouco tempo sem sair. Muitas coisas se passaram, alguma tinta correu e a prática de algum modo sofreu transformações.
Atravessamos o deserto da superestrutura cultural. Estão gastas as formas dos “cozinhados” que se fazem nas diferentes salas da cultura.
Em Abril falar de Espaço é como uma lufada de ar fresco que nos bate de frente. Ar que ainda respiramos entre muros e torres que cada vez mais nos tapam a vista e nos impedem a comunicação.
Às vezes a revista nasce de nós, vem cá do fundo. E cada vez que nasce é como se algo de novo se passasse, como se fosse descobrindo uma nova parte de cada um de nós. E a revista começa a ser um pouco de nós todos.
Junho era a 1a etapa de uma edição que gostaríamos não tivesse fim. Passado o tempo em que esta revista esteve “interrompida” e se entrou na fase do “arranque”, pensámos que o tempo gasto não devia ser desperdiçado.
E poderá ser de outra maneira? Passou o tempo das certezas absolutas. Mais que nunca começa a ser Indispensável assumir a busca, não perpetuar imagens, não esquecer que as coisas se transformam, que as podemos transformar.
Privilegiou no período subsequente a ação cultural de base e/ou a alfabetização e/ou a militância em organizações e associações populares. Hoje não tem partido.
Como as coisas simples são difíceis. Vencidos que foram os acidentes de percurso, chegou o glorioso dia 19 de Dezembro de 1984.
Na quarta Conferência dos Ministros Europeus Responsáveis pelos Assuntos Culturais, realizada em 1984, em Berlim, foi aprovada a Declaração Europeia sobre os Objetivos Culturais.